quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sunset

em círculos


rodeando o tapete da sala

a tontura toma conta da mente à deriva

os pensamentos inexatos teimam sua orquestração



giros mais rápidos

fúria dos sentidos lateja no sangue que corre

toda a paisagem paira sobre a imagem, de repente

Sunset, de Van Gogh



esse outro que é presença incriminando a ausência a falta

louco concentrado vermelho sol sangrando tudo

o que imergiu no próprio ser numa viagem sem volta sem rota

o outro eu que se esconde no que não sou em mim mas do que me importa

terra terra terra a resistir na água


perpétua partida fugidia solitária deseja raízes no que é alga em vagas marinhas

tece e canta a trama do vento borrasca as nuvens que se borram

desfaz a face serena reviravolta a volta volta os passos torpes

desfiladeiro nos detalhes em que mergulha o pesar de sol cansado

e a lua a lua erótica a suscitar delírios

a cabeça do fogo afoga para que, na água, busque esquecer

busque a verdade como o ar e à tona...

a face incessante insiste e vence