sábado, 9 de outubro de 2010

O AMOR CANTADO NO CAOS


Dino Campana, 1885-1932 (aos 25 anos na foto)


Violento como o rapto do vento
teu ser corta os Apeninos, cego
com a fúria do canto sem medo
(pausa da lucidez suspensa)
corta o ar o sangue da palavra
a mácula do corte denso
a culpa do silêncio ébrio
a valsa da perdida face
na sombra dos passos ausentes.

***

Pequenas explosões em brancas páginas
como poeira cósmica no caos
dançante, como estrelas suicídas,
rodopiam os ritmos vorazes
dos atritos de dentes e salivas
nesta estafa de medos e delírios.

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